Enquanto isso algumas dúzias
de fazendeiros fazem manifestações no centro da cidade protestando contra os 5
comparsas que estão presos acusados de envolvimento no assassinato do “massacre
de Caarapó” que culminou com a morte de Clodiodi de Souza e sete feridos.
Visitando as comunidades
Guarani Kaiowá da região de Caarapó, onde fizeram 8 retomadas de suas terras
tradicionais, nos últimos 3 anos, se percebe nitidamente que “a situação de
guerra não acabou”. Pesam sobre as
comunidade duas ordens de despejo, o que os deixam sob permanente e angustiante
estado de sobressalto. “Não vamos entregar um palmo dessas terras que são
nossas”, afirma uma das lideranças. A situação é de tensão e apreensão.
“Estamos acostumados a ter que enfrentar os inimigos e as decisões judiciais
quando se aproxima o final de ano” informou um dos caciques. Segundo informações
oficiais, ultimamente houve movimentação em 20 processos envolvendo a questão
indígena na região.
A lógica perversa do arrendamento de terras indígenas
O arrendamento das terras
indígenas tem sido uma das estratégia da invasão das terras dos povos originários
nativos, nas últimas décadas. Assim aconteceu especialmente desde o governo de
Getulio Vargas, a partir de 1940, acentuando-se na década de 70.
O arrendamento das terras
indígenas tem sido um dos mecanismo de gerar desunião e conflitos internos, na
medida em que apenas foi favorecendo pequenos grupos que intermediavam os
arrendamento das terras, enquanto muitos indígenas permaneciam sem terra.
A mãe não se
vende nem arrenda
A mãe Terra e mãe natureza são parte dos povos nativos.
Para quem vê a terra como objeto é impossível ter a compreensão do imensurável sofrimento que tem causado para esses povos a
destruição da natureza e envenenamento da
terra.
O argumento das elites no poder de que os índios
não precisam de terra é falacioso. Esquecem de acrescentar que o saque dos
recursos naturais e a “morte da terra” tem sido efetuado pelos invasores e
arrendatários.O arrendamento como sistema de destruição e morte da Mãe Terra e
de todas as formas de vida, através do envenenamento da terra, das águas e do
ar.
Dia 25 de novembro dia em que os povos indígenas da região
celebram a memória de Marçal Tupã’i, assassinado em 1983 na terra indígena Nhanderu Marangatu. Em
julho de 1980 Marçal Fez uma fala contundente ao Papa Paulo VI, em Manaus. Denunciou
a extrema violência a que seu povo estava submetido
Acabou de ser celebrado também neste mês de novembro 0s 6 anos do
assassinato do cacique Nizio Gomes. Os Kaiowá Guarani celebram a memória de
dezenas de lideranças que derramaram seu
sangue na luta por seus direitos, especialmente a terra.
Egon Heck
Cimi Secretariado Nacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário