Oh pessoal é o seguinte. Tem muita gente xingando minha merecida indicação para o Ministério da
Agricultura. Nada mais justo! Afinal de contas a presidente Dilma bem me
conhece e reconhece minhas indiscutíveis aptidões.
Afinal de contas deve haver uma grande desinformação de
alguns setores ligados a coletivos rebeldes, à terra, povos indígenas, quilombolas e outras
populações tradicionais.
Creio que terei uma grande missão frente ao ministério da
Agricultura. Basta lembrar uma feliz expressão de um antecessor meu nesse
ministério, o general Cirne Lima, na década de 70 já dizia que a agropecuária
seria expandida pela “missão civilizadora do boi”.
Naquele mesmo período, que alguns teimosamente insistem em chamar de ditadura civil militar, foi elaborado pelo ministro general Rangel
Reis, um sábio projeto que com um canetaço acabaria com 80% dos índios
sobreviventes no Brasil. Um pequeno
grupo de pessoas, especialmente do Cimi insuflaram os índios e infelizmente o
projeto foi enterrado e não mais vingou
até hoje. Até que o Cabral, não aquele da invasão primeira, mas o da comissão
de Sistematização na Constituinte, em 1987, apresentou proposta semelhante,
segundo o qual os índios “aculturados”, deixariam de receber a proteção do Estado.
Eram considerados aculturados os que falavam
português, vestiam roupas ou tinham relógio e coisas do gênero. Sua
proposta também foi derrotada.
Nas últimas décadas houve um grande esforço de parlamentares
e do governo em agilizar a demarcação das terras indígenas, passando essa
responsabilidade para o Congresso. Mais
uma vez indígenas e quilombolas, a meu ver equivocadamente, obstruíram a
aprovação dessas emendas constitucionais e portarias.
Agora é chegado o momento de avançar. No ministério da agricultura
serei mais uma interlocutora do movimento indígena e outros movimentos sociais
que quiserem se alinhar com a expansão da agricultura, trazendo mais lucros
para o país e commodities para nossa economia. É claro que não vamos conseguir
isso com enxadas ou flechas. Algum veneno eficaz vai sobrar na mesa de todo
mundo. É o preço do progresso.
Estou lembrando de uma visita que os índios vieram me fazer
, o ano passado, na CNA (Conselho
Nacional da Agricultura). Foi uma pena que eu não estava lá, pois creio que os
convenceria das nobres intenções do agronegócio em relação às terras
produtivas. Continuo acreditando, e o faço com muita fé, que não é de terra que os índios e
quilombolas precisam, mas de uma articulação com os produtores rurais e
subsídios federais. Lembram daquele projeto de lei que liberaria 50% das terras
indígenas para os dentes das moto serras e os cortantes discos dos tratores.
Pena que um grupinho de radicais
continuam combatendo essas iniciativas d agronegócio. Mas agora que ampliamos a nossa bancada no
Congresso e eu agirei no Ministério da Agricultura, tudo será mais fácil. Temos
tempos promissores pela frente. Quem sabe os índios e populações tradicionais
descubram o caminho de meu ministério.
Egon Heck
Cimi secretariado
Brasília 24 de novembro de 2014